Com a pandemia de Covid-19 e sem previsão de carnaval em Salvador este ano, os profissionais que atuam na festa foram atingidos em cheio. Desde vendedores ambulantes – formais e informais – até os grandes camarotes, blocos e trios elétricos, o sentimento é o mesmo para todos em comum: frustração.

Os trios elétricos, utilizados para colorir e levar o som para a festa em tempos normais, hoje estão armazenados em galpões acumulando despesas e prejuízo financeiro.

A Associação Baiana de Trios Elétricos Independentes (ABTI) afirmou que tem cerca de 40 trios recolhidos desde o último carnaval, que encerrou em 25 de fevereiro de 2020. Somando aos outros trios utilizados na festa – cerca de 150 durante o período –, a estima de prejuízo da entidade é de cerca de R$ 45 milhões.

De acordo com o vice-presidente da ABTI, Ari Andrade, manter os veículos guardados só tende a aumentar o prejuízo. Além de não fornecer os trios para o carnaval e outras festas populares, há despesas com pessoal e manutenção periódica.

Além do dinheiro que deixa de circular com os trios parados, funcionários que atuam no entretenimento estão tendo que providenciar outras formas de renda.

Joaquim Nery Filho, representante da Associação Brasileira de Entretenimento no Conselho do Carnaval de Salvador, chamou atenção também para os camarotes, que segundo ele estão passando por um tempo “catastrófico”. Joaquim conta que quem mais sofre são os trabalhadores temporários, que não vão poder atuar na festa.

Sem o carnaval, vendedores ambulantes também relatam prejuízos. O fluxo de foliões nos tempos pré-pandemia era suficiente para fazer subir os lucros dos pequenos comerciantes de Salvador.

Fabrício Pereira tem 30 anos e desde os sete trabalha com a mãe no bairro do Tororó, região por onde passam os foliões que seguem para o Circuito Dodô (Barra-Ondina) e Circuito Osmar (Campo Grande).

Segundo ele, é mais cômodo pegar seu isopor e levar para vender na porta do circuito, pegando o público, como ele diz, “com o fígado limpo” e entrando na festa. Ele relata que no último carnaval investiu alto e conseguiu um bom faturamento. Mas este ano, no entanto, sem festa, o prejuízo foi grande de igual maneira.

Com o decreto proibindo aglomeração e o pequeno número de pessoas nas ruas, por causa da pandemia, ele relata ter perdido todo o material que tinha sobrando em casa.

Segundo informações da Empresa Salvador Turismo (Saltur), somente com patrocínios e ações, uma média de R$ 30 milhões são arrecadados anualmente para injeção no carnaval. Dinheiro que este ano também não entrará.

Portanto, de acordo com a Saltur, o foco tem sido para o carnaval de 2022, com a expectativa de que, até lá, toda a população esteja vacinada e as ruas de Salvador voltem a ficar coloridas como em tempos pré-pandemia.

G1